sexta-feira, 2 de maio de 2008

"Acende um cigarro pra mim?"
e os dedos desajeitados de quem não fuma me estendem apenas meia brasa.
"Não é assim que acende", eu rio.
Os dentes enormes se mostram, divinos em sua risada.
Nova tentativa, mais tarde,
demonstro os trejeitos quase inconscientes de fumante compulsiva.
Tenta. Os lábios se contraem em torno do filtro.
Os dedos muito separados.
Muito esticados. Tudo tenso em excesso.

Mas que é um charme, vá lá:
meu cronópio pode até sapatear,
tentar caminhar sobre as águas,
cair na neve ao esquiar,
qualquer coisa, em seu corpo,
parece mágica.

(eu,
tolamente apaixonada,
olho
e fumo
cigarros que eu mesma acendi)

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